27 de fevereiro de 2008

Sozinhos (Parte 4)

Ele era um rapaz inteligente e agradável embora ultimamente andava reclamando muito das coisas. De fato os amigos deixaram de falar com ele, sua família está impossível e o trabalho está insuportável. Coisas boas e duradouras já aconteceram em sua vida e a namorada estava sempre ao lado, resistindo firme e forte com ele, mas só isto não era suficiente. A vida tinha que mudar de alguma maneira.
Acordava e reclamava da família: nada estava certo, no lugar, na hora, na medida. No trabalho chegava resmungando: muita tarefa, pouco tempo, companheiros lerdos e desinteressados no serviço. Depois a namorada vinha e lhe ajudava a desabafar toda a mágoa daquele dia infernal. Ela, porém, ia cansando e eram agora tristes os seus encontros, presos no pensamento fixo e pesado desta conversa rotineira. Ela, enfim, resolveu reclamar também: e houve briga! Ambos para cada lado, mas se amavam muito para deixarem de se ver por iste motivo. Tudo o que a menina desejava era que ele deixasse um pouco a tensão e as reclamações de lado e aproveitasse os momentos deles juntos para que pudessem ser plenos.
O que a briga lhe rendeu, como sugestão da menina, foi a noção de que toda aquela situação estava sendo causada por ele mesmo e que tanta mágoa e tantas reclamações não estavam fazendo bem a ele ou a ninguém próximo: afastava os amigos, não ajudava na situação em casa nem no trabalho e ainda por cima atrapalhava a felicidade de um namoro tão sincero e sólido. Enfim, em momento de ternura inigualável cujo preparo para as pazes era primordial objetivo do garoto, ele resolve confessar para a parceira de sua jornada a sua descoberta íntima:
-- É isto! Eu sou uma merda! Sou orgulhoso e quero tudo perfeito. Não vejo o que os outros trazem de bom para mim, sou um cego para os meus amigos. Tudo o que faço não presta e acho que só estrago nosso amor. Não valho a pena e estou acabando com a minha vida! Estou sendo desagradável a todos e não consigo mudar, sou assim e pronto! O que eu posso fazer? Não sou forte o suficiente para saber lidar com esta situação tensa e difícil e sou um fraco gritando com todos por ai! Sou uma pessoa horrível.
Ela, mesmo triste, continuou com ele. Fazer o quê? Ficar sozinha?

19 de fevereiro de 2008

Conversa Íntima

Fui comprar algodão no supermercado e quando voltei preferí segui um beco em frente e logo sairia atrás do prédio onde moro. No momento que estava no meio do beco estreito, que faz uma curva um pouco discreta, olhei para trás onde haviam pessoas e ninguém olhava aquele beco e quem estava ali. "Neste momento não há ninguém no universo que esteja me vendo, estou fora do campo visual de todas as pessoas", foi o que pensei e tratei de sorrir de canto de boca. Em seguida veio o meu pensamento intervir: "Não! Sempre existe alguém observando, nem que seja Deus!" e eu mesmo achei meio apelativo. No meio de minha conversa comigo mesmo continuo: "Será que é, realmente, este ponto o que valida a existência de Deus para muitas pessoas? Quer dizer: será que as pessoas acreditam em Deus apenas para sentirem que tem atenção nos momentos tristes; porque é muito verdade que quando estamos tristes queremos que alguém olhe por nós, será que é isto que dá segurança sobre a existência divina?" Então meu interlocutor mental concorda: "Não será por isto que certas pessoas dizem que Deus é uma invenção do homem?", "Não sei, mas acho que será um bom tema para colocar no blog quando eu chegar em casa, principalmente agora que Paulinha entrou e lembro que muito antigamente costumávamos conversar sobre estas coisas..."

Paulinha, seja bem vinda (de novo!) e, para os leitores do blog deixo a questão acima: "Será que Deus é uma invenção do Homem?"

15 de fevereiro de 2008

Voltando

Depois de um longo período afastada dos blogs, foi com muita alegria que me reconvidei a participar do blog do meu amigo Thiago. Escrevemos juntos durante um tempo no nosso "Segundo Blog" em parceria com outros excelentes colaboradores. É um prazer estar de volta depois de quase dois anos totalmente dedicados a atividades acadêmicas.

Mas para começar tranqüila, vou apenas fazer uma pergunta baseada em uma ocorrência do dia de hoje em uma banca de jornal do meu querido Rio de Janeiro. A manchete dizia: "FALTAM 12 DIAS". Este é o número de dias que faltam para que a polícia tome alguns morros cariocas em uma operação contra o tráfico de drogas. A pergunta é a seguinte: por que o anúncio assim tão chamativo?
E isso, agora, levou-me a uma nova pergunta: por que já não o fizeram antes?