24 de julho de 2009

O Paradoxo da Bruxa

Conheci uma bruxa muito triste e infortunada, que saia vagando por entre as árvores do bosque e às vezes por suas copas, saltitando. Certo dia consegui falar com ela e perguntei-lhe do motivo de tamanha tristeza que levava consigo. Ela, então, atenciosamente, me contou sua história.

Uma vez durante sua juventude ela resolveu enfeitiçar um rapaz e para tanto precisava de um objeto que o representasse, que fosse dele e que ele gostasse muito. Sua mestra em feitiçaria sugeriu que obtivesse algo que ele fosse muito apegado, e sua mestra em poções sugeriu que pegasse um pedaço de algo que fosse do corpo dele. A jovem bruxa resolveu então pegar uma peça íntima, que ele certamente sentiria falta e que não estivesse limpa, para que tivesse a essência da vítima.

Não lhe faltaram avisos: "quando uma bruxa faz o feitiço, volta-lhe o efeito em triplo", "se der errado, a intenção ainda valerá e você pagará pela natureza do feitiço"... A pequena bruxa estava resoluta e não queria mais esperar. Na décima noite de Outubro, antes da Lua cheia da Deusa, ela invocou forças que se contrapunham a natureza e rougou ao garoto sua maldição tão desejada.

Estas coisas não acontecem de uma hora para outra, se passa algum tempo para que o feitiço "pegue". Ela esperou dia-a-dia para ver o garoto infortunado. Os seus dias, enquanto esperava, ficaram cada vez mais nebulosos e tristes, enquanto os dias do rapaz eram cada vez mais alegres e esbanjavam juventude.

"Por quê?"

Sua mestra em ciências naturais perguntou-lhe: "qual o objeto usado no feitiço?", e ela respondeu meio sem graça, "uma peça íntima". A mestra realmente não entendeu o caso e invocou o poder daqueles objetos místicos que falam de maneira oculta e que ninguém nunca entende; este respondeu com versos:

Achado, Roubado, Perdido
Tirado, Tomado, Deixado
Se o dono foi trocado
O atual será ferido.
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11 de julho de 2009

Entre Perguntas e Respostas

menino da floresta
: Quem tem resposta para suas perguntas?

menina da neve: como você pode ouvir as respostas, se está sempre perguntando?

(...)

2 de julho de 2009

Texto Informativo


Depois do advento da eletricidade coisas esquisitas aconteceram no teatro Bonfoy, conforme nos esclarece o mestre em ciências agrárias do Noroeste da Grã-Bretanha Edward Goivais: "Chovia muito naquela época, por isto precisamos de navios novos e boa tripulação".O empreiteiro Escocês Briton de Van Oulen acredita que a culpa seja da Nova Zelândia: "nada é como antes", diz sem sequer pestanejar.
Os acionistas da Clora, a melhor empresa de celulares do norte da Ásia, informaram que, devido a este problema "que não pode ser ignorado" a máfia russa talvez reconsidere a contrução de um aqueduto na Turquia. Depois de sete dias esperando sentado na estação Milovee na Jordânia, Michael Mouse imaginou se choveria durante a época das tulipas.
A contragosto de Edward, Mouse desprezou seu pedido por Tulipas no teatro e as deixou no norte da Ásia, argumentando que a Nova Zelândia era agora defendida por Escoceses: "Nesta vida nunca vi nada como isto! Acho que mesmo se Ets surgissem do nada eu não poderia agir com tal desprezo por algo tão fenomenal como esta usina hidréletrica". Na sexta feira passada o empreiteiro declarou o fim da sociedade com o mestre em ciências agrárias.
Como se bastasse isto, a Clora resolveu projetar celulares a vapor: "à moda antiga, trêns enormes eram impulsionados por caldeiras e, embora não muito eficientes, poluíam menos o ar", afirma o acessor Ian Filomhr, que estudou até os quatorze e tornou-se doutor com apenas 16.
Os russos agora esperam algum movimento na Jordânia antes da construção do aqueduto, em Milovee chove bastante e não há tulipas. Segundo o antigo diretor do Bonfoy talvez haja uma chance dependendo da votação em Brasília: "Aqui as coisas estão assim: todo mundo muito ansioso pra saber o que danado vai acontecer com a usina e os filhotes de sabiá encontrados no telhado da padaria, mas pelo menos sabemos que Seu Malaquias não tem seguro pra isto", fala achando graça.
Os ataques terroristas de ontem adiaram a entrevista coletiva com a tripulação boa, anteriormente citada. Agora todos estão usando a padaria como alojamento. Aqui em York os ingleses desacreditam que isto seja o início de uma quarta guerra mundial: "Se você seguir direto vai dar no shopping center, mas se dobrar adiante à esquerda sairá da cidade rumo à capital".
Especula-se que, amanhã à noite, Edgard e Mouse possam finalmente fechar um acordo quanto a isto e os russos poderão começar com a construção. No Havaii os novos navios esperam para atracar no teatro Bonfoy. Falta ainda a aprovação do projeto em Brasília.

É Complicado

Temos que aprender que, embora isto seja difícil e muito sem graça, tem sentimentos que devemos guardar só pra gente e, no mais das vezes, esquecer!