30 de agosto de 2009

A Fábula dos Corações

Natasha é conhecida por muita gente aqui na minha terra, mas quase ninguém sabe como sua história começou. Ela era uma menina meiga, delicada e suave e, de repente, se transformou numa devoradora de corações.
O primeiro caso foi o garoto Assis, filho do padeiro. Ele nem prestava muita atenção nela, mas Natasha o chamou certo dia e, a partir de então, ele começou a cair nos feitiços dela e não mais conseguia desviar do seu olhar hipnótico. Uma dia ele retirou o coração do peito e ofereceu a ela, mas ela confusa resolveu que não seria assim. Pegou o coração do garoto com as mãos, mas como ainda estava incerta do que fazer e não tinha experiência com "a arte", guardou-o na gaveta do criado mudo; assim ficou o coração de Assis por muito tempo, porque mesmo depois de ter experiência, ela não mais olhava para o criado mudo, para não lembrar mais do passado.
Quando Natasha começou a frequentar os bares, logo chamou a atenção de Henrique. Este estava passando por um momento decisivo na sua vida: tinha o coração tomado por uma vontade louca de se tornar um devorador de corações, mas ainda tinha dúvidas devido à alta estima que tinha com a provável primeira vítima. Natasha não respeitou qualquer história, deu uma olhada sensacional no rapaz e percebeu quando chegou a dosagem certa, depois se foi, aguardando a inevitável perseguição do garoto. Quando ele veio, ela sabia que ele poderia ser um páreo duro, então enfiou-lhe a mão no peito e puxou seu coração com toda a força, deixando o cara absorto por um mês. Este foi o primeiro coração que ela se livrou por definitivo, lançando aos céus para que as estrelas o consumisse com fogo.
Na vida de um devorador de corações não deve haver apego nenhum a nenhuma das vítimas. Geralmente o início, quando se descobre "a arte", é muito sonoro e todos tomam conhecimento quando a pessoa se torna um devorador de corações, e isto pode se tornar um problema. As pessoas, no entanto, são teimosas e querem porque querem "mudar" um devorador de corações, só porque já ouviram dizer que isto é possível. Isto é possível, mas não depende de ninguém, trata-se apenas de um estágio na vida de um devorador, quando sua sede desesperada cessa e ele torna-se calmo e calculista, ganha a capacidade de amar.
Ricardo era um desses. Natasha o encontrou quase que por acaso e tentou enfeitiça-lo, mas ele era realmente demais para ela. Pouco a pouco ele foi percebendo a força que Natasha tinha e como poderia ela ser uma boa menina, já que tinha muito da pessoa meiga e suave de outros tempos. Ele a foi envolvendo num encanto quase que impossível de existir, digno de um experiente devorador, mas repleto de boas intenções. Ricardo consegue lhe atravessar a mão no peito e toca seu coração, conjurando então o feitiço mais forte já conhecido por um devorador.
O grande problema é o passado. E um grande devorador traz consigo grandes inimigos, no mínimo o número de corações devorados. Renata era uma menina dessas, havia tido seu coração dilacerado por Ricardo a eras atrás. De tocaia, esperou ele começar a conjurar o feitiço, quando ele estava com a mão inteiramente dentro do peito de Natasha, Renata se lançou no casal com grande instinto animal e forçou Ricardo a arrancar o coração de Natasha.
Natasha teve, assim, seu coração restaurado e roubado no mesmo instante. Vaga ainda hoje pelas ruas, aguardando a próxima vítima, brincando com os corações por ai afora. Sua história começou aqui, mas dizem que ela já passou por todo o Norte e está hoje pelas terras do Oeste. Alguns dizem que ela já superou a fase sedenta, outros que ela está voltando para entregar de volta os corações de todos, uns poucos acreditam que ela se foi para sempre. Eu só poderia dizer que, se você encontrar com Natasha algum dia, seja são e lhe dê as costas.

11 de agosto de 2009

Nossas Músicas (e o Dia do Corno)

Uma postagem sobre o próprio blog!
Chegamos à conclusão de que um de nossos marcadores não é necessário e o estamos eliminando. Bem, isto não é motivo digno para se escrever, a questão é que achei que as músicas (marcador eliminado) postadas neste blog até esta data deveriam estar disponíveis para que não se leia apenas a letra, mas sim escute toda a obra. Assim, no 4shared os interessados a ouví-las as encontram imediatamente.
Às vezes o danado do compositor conseguiu contemplar em sua canção aquele sentimento ou idéia que estamos dando tanta atenção agora. Ele foi capaz de dizer algo que apenas a canção em si encerra tudo e muitas vezes diz até mais do que o que imaginamos inicialmente. Ou somente estamos com esta música na cabeça e gostamos (ou não) dela. A idéia é a participação que a música tem em nossa mente, seja como distração seja como devaneio intectual, sentimental.
Clique no nome da música e irás à postagem (apenas a letra das músicas), embaixo está o endereço no 4shared (onde não há necessidade de baixar a música se só quizer ouví-las):


Desculpa a qualidade que não é suprema, mas isto se pode resolver depois. Agradeço a atenção, e adoro seus comentários. Encerro com mais uma música:

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-"Ninguém, nem homem nem mulher,
[poderá esquecer o dia de hoje"
Hoje é o dia do corno foi bom te encontrar

Vamos tomar um bom porre pra comemorar
A mulher que você ama eu amo também
Pelo que eu sei ela já enganou mais de cem...
Até um galã de novela que dela gostou
Tornou-se um pobre coitado que ela arrasou
Contigo: fez gato e sapato do teu coração
Comigo: deixou-me de quatro me arrastando no chão...
Hoje é um dia pra gente jamais esquecer
Vamos unir nossas dores chorar e beber
Vamos tomar um bom porre pra comemorar
Hoje é o dia do corno foi bom te encontrar...
Mas homem adora mentir e enganar a mulher

Homem adora trair mas a quer bem fiel
Então tem que levar o troco, ele tem que pagar
Sofrendo, chorando e bebendo na mesa de um bar...
Hoje é um dia pra gente jamais esquecer

Vamos unir nossas dores chorar e beber
Vamos tomar um bom porre pra comemorar
Hoje é o dia do corno foi bom te encontrar...
Hoje é um dia pra gente jamais esquecer
Vamos unir nossas dores chorar e beber
Vamos tomar um bom porre pra comemorar
Hoje é o dia do corno foi bom te encontrar...
-"Prazer Bicho! Muito Prazer! Prazer Imenso!"
(O Dia do Corno - Reginaldo Rossi )
4Shared

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10 de agosto de 2009

O homem que comprava relógios

A aula já havia acabado havia algum tempo. Eles estavam ali, falando uma coisa ou outra entre os vários silêncios que preenchiam o tempo entre um fim e qualquer coisa que ainda não aconteceu.

Todos ali se conheciam, apesar de um ser professor e os outros alunos, havia alguma coisa entre eles que os tornavam mais que meros conhecidos. Tanto que a aula já havia acabado havia algum tempo e eles permaneciam lá pelo simples fato de que ir embora significava voltar ao mundo, às obrigações, a tudo aquilo que não fosse o que estava acontecendo agora.
O único que realmente precisava ir embora era o próprio professor, afinal de contas ele tinha um compromisso e não podia se atrasar. Mas outro compromisso o prendia aquele local, um novo aluno pra suas aulas, o homem que eles esperavam.

Ele chegou muito depois do horário marcado. Um homem bem arrumado, com um pouco de suor na camisa ensacada, um sapato combinando com o cinto e nenhum sorriso no rosto. Os outros alunos sentavam-se espalhados pela sala fazendo qualquer coisa, um mais intrometido sentava uma cadeira perto dos dois, o homem e o professor, e não escondia o interesse na conversa.

Havia um imenso contraste entre os dois.
O professor possuia a voz mais calma, mais lenta e mais grave, a voz de uma pessoa determinada. Sentava ereto, mas sem parecer orgulhoso, passava confiança. Seus gestos eram firmes e suaves.
O homem falava rápido, como se quisesse terminar logo de falar antes que acabasse falando algo desnecessário, sua voz era aguda e seus olhos se moviam inquietos de um lado a outro. Parecia ser um homem bastante metódico e objetivo, sem tempo para perder com trivialidades. Suas mãos eram inquietas e tremiam, seus dias pareciam ser bastante estressantes.

Eles conversaram durante algum tempo tentando definir qual seria o horário das aulas, nenhum dos dois tinha muito tempo livre. E foi o estranho quem deu a sugestão que ficou determinada. As aulas seriam particulares e ocorreriam na casa dele, ou seja, ele não frequentaria as aulas com o resto da turma, não tinha tempo. O professor lhe perguntou onde era sua casa. Suas mãos trêmulas deslizaram até seu bolso traseiro e voltaram trazendo sua carteira. Ele a abriu e tirou um cartão. Ele era um homem de cartões.
O cartão foi entregue com um endereço escrito na parte branca de trás que todos os cartões têm. Com tudo já resolvido o homem se levantou e foi logo saindo, dispensando qualquer cortesia que tivesse sido oferecida ele sumiu escada abaixo.

E com o homem foi-se a única coisa que mantinha o grupo unido até aquele momento. Olhando o relógio viram o avançado da hora e com a mesma preça na qual o homem havia partido eles despediram-se e tomaram cada um seu rumo.

7 de agosto de 2009

ufa

Era uma vez um menino que fazia um texto.
Era uma vez uma internet que cai.
Era uma vez um texto que se apaga.
Era uma vez uma coisa que chamam raiva.
Era uma vez um cansaço.
Era uma vez uma idéia.
Era uma vez um programador inteligente.
Era uma vez uma opção para salvar rascunhos.
Era uma vez um alívio.

Adoro o salvamento automático desse troço!!!