29 de abril de 2010

Convergir

Essa semana, ontem, eu não dormir direito.
Virei na cama durante horas e a cada hora que passava eu olhava pela fresta da janela e dizia a mim mesmo "falta pouco tempo pro sol nascer, daqui a pouco eu levanto." Meu celular descarregou no meio da noite.
E assim foi a noite inteira.
Minha mãe costumava dizer para eu ler quando não estivesse com sono, que ajudava o sono a vir. Como se ele fosse uma locomotiva precisando de carvão (não queimem seus livros, hã!) Isso quando eu era criança. Na verdade ela ainda diz isso.
Bem, durante a noite eu pensei em diversas coisas, como qualquer mente ociosa: uma garota branquinha interessante, com uma risada divertida; uma outra garota, morena, baixinha, sexy e uma terceira garota, também morena e baixinha, tímida. Por pouco a noite se resumia a isso mas, então, vieram outras coisas, música na verdade.
Ah, vai ter um show da banda de meu irmão, mês que vem, no armazém 14.
Falando em música, hoje eu passei minha manhã tocando guitarra. Uma música, com uma pegada punk (três notas, hehe) que eu estou fazendo.
Apesar disso tudo eu acordei meio deprimido, acho que a culpa é de ontem quando eu estava razoavelmente mal. A culpa de tudo que acontece deve ser de ontem. Talvez, se não existisse o "ontem" o mundo seria um lugar melhor, quem sabe.
Uma hora, quando eu estiver mais motivado, eu falo mais sobre o ontem.

Eu estou com um pouco de sono, afinal, eu não tenho dormido muito bem ultimamente.

Naufrágio

Amigo altamente antenado
batia, brabo, bamboo branco
causando certas críticas com certeza.

Dependendo do desejo da dama,
ela emanava elogios e envolvimento
fogosa, fazia fulgurar fregueses francos.

Gabriel, gaguejando, golpeava grandemente
hesitava, humildemente, há horas
intimidado, ia iluminando irreversivelmente

Joana, já jogando jóias japonesas
lindamente levava laranjas lá
manuseando meninos mimados

Nada não normal neste navio
o orador olhava orgulhoso os outros
porque procurava por pessoas penetras.

"Que queime quanto quizer"
riram roucos ruins rapazes
sozinhos, sombrios, só sentiam sons

Talvez tudo terminasse tarde...
um universitário uniu utensílios
verificando vexame, vendo viajantes voarem.

Xingaram xícaras, xaropes, xilofones, xadrezes
zanguaram... Zona zonza! ... Zarpavam ziguezagueando

20 de abril de 2010

Amarelo

Eu subi no ônibus um pouco atrasado, mas não poderia fazer mais nada: são duas horas até chegar na faculdade, todos os dias. Atrasei aqui, chego atrasado lá. Como de costume, sentei perto da porta traseira e mantive a atenção nas pessoas que entravam depois de mim. Era manhã, mas a água fria do chuveiro já tinha me despertado.
Nos arredores de Olinda, cerca de trinta minutos de viagem, sobe aquela menina. Moça magra e branquinha, da cor de leite desnatado e ligeiramente estragado, efeito dos raios solares. Ela mantinha o cabelo pintado de loiro, que combinava bastante com ela (aliás), e se por ventura o deixasse solto, uma sutil faixa negra longitunal corria sobre sua cabeça. Costumava vestir calça jeans e uma camisa de tecido liso e sedoso, o cabelo preso ia até um quarto das costas e o sorriso esbanjava metais. Neste dia nada foi diferente. Ela sentou do outro lado do ônibus, uma fileira atrás da minha, onde podia ficar olhando pela janela.
Não menos de dois anos atrás eu a conheci. Sabe aquela gatinha do curso pré-vestibular que você sempre viu e nunca fez nada? Todos os dias você divide o ônibus com ela quando largam juntos, você é de exatas e ela de saúde, mas você nunca tomou coragem de ir lá trocar palavras. Eu lembro que tive um dia onde as coisas deram altamente errado e eu estava com os nervos trocados, ai resolvi falar com ela (energia transbordando e perna tremendo).
Ao som da minha pergunta (algo do tipo "você faz o pre, né?") ela se vira e sorri abertamente e... bem, a única reação possível pra mim foi sorrir na mesma medida: bem largo! A conversa inteira seguiu com um sorriso gigante no rosto, porque ela sorrindo era único na minha vida. Nesta época os dentes dela estavam perfeitos, nada prateado.
Depois disto tentei me aproximar, mas descobri que ela tinha namorado, ai fiquei cada vez mais "adiando" qualquer conversa relativa ao meu interesse e acabei, infelismente, me transformando em mais um amiguinho. Como pré-vestibulares tem fim, um dia acabou e nunca mais a vi com a mesma frequência.
Durante um ou dois anos não compartilhamos a mesma linha. Agora ela entra no ônibus e, quando me vê, acena com um sorriso amarelo e diz um "oi" ou um "tudo bom?", que eu retribuo quase sempre imitando a mesma frase. Ela passa, senta e pensa na vida dela junto à janela. Eu, tolo, repasso sempre toda esta história.