25 de outubro de 2011

A príncipa adoecida

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Era uma vez, num reinado distante, um rei. Para comemorar a notícia de que teria um filho, o rei Optin convidou todos os nobres do reino para um banquete; receberia congratulações de toda espécie e era uma oportunidade de fazer um grande evento, afinal de contas, os nobres vivem destas coisas.

Convidou desde os três reis vizinhos até a rainha das fadas, contanto que só houvessem nobres, todos estavam convidados. Convidou também a velha guardiã das realezas divinas, Gotiha, que era a única nobre que não morria, devido a feitiçarias diversas que auto-aplicava diariamente. Este convite, por si só, representava a grandiosidade do evento, pois desde que o rei Optin nasceu não se via Gotiha no reino.

Acontece que Gotiha nutria das mais tenebrosas máguas pela família real. Esperara durante todos estes anos para ter uma oportunidade de os amaldiçoar. Agora tinha finalmente sua oportunidade.

O rei queria que seu filho fosse homem, para reinar absolutamente sobre todo o reino (e, quem sabe, mais), mas Gotiha iria se certificar que fosse uma menina. Ao invés de um príncipe, uma princesa, e a criança ficou conhecida como a príncipa Icéra Optin, sendo chamada de príncipa devido ao tratamento de seu pai, que nunca aceitou que seu único filho fosse uma mulher.

Eis a maldição de Gotiha sobre Icéra: quando esta fosse pedida em casamento (os nobres muitas vezes já nasciam com casamento marcado, para fortalecer o nome da família com uniões entre famílias nobres), a príncipa adoeceria de uma doença devastadora, portanto mortal, que não seria a causa de sua morte, mas a de todos que ousassem aproximar-se dela. Como todo feitiço mencionado nesta época, havia uma maneira de quebrá-lo, e Gotiha não guardou segredo: a príncipa Icéra deve conhecer o verdadeiro amor nos braços de um plebeu, só assim ficaria sã pelo resto de sua vida, não mais adoecendo.

Aqui chega a parte que me parte o coração, pois não sei o fim da história exatamente. O historiador Cardior de Pauli diz que a princesa nunca marcou casamento, portanto nunca adoeceu. Segundo esta versão ela cresceu e lutou nas duas guerras que seguiriam saindo sempre vitoriosa, morreu em batalha com uma flechada sobre seu peito esquerdo. Já o historiador Mheglireu Pane, com seu estudo detalhado das famílias da época, conta que quando completou 21 anos (ou seja, já velha para marcar o casamento), Icéra foi pedida em casamento por um príncipe estrangeiro (que não conhecia a lenda), portanto adoeceu e levou o reino às ruínas, com alto índice de mortes entre os nobres e quem mais se aproximasse. Mheglireu traduz um documento da época, supostamente escrito pelo nobre Liasiv Eroateria, tesoureiro real,

"(...) Naqueles dias, a tristeza já havia tomado a todos no reino (...), seriam os últimos dias do rei Omcras Optin (...). À tarde, foi anunciada a chegada de Peumolot Ortraz (...), e todo o reino estava alerta para o que poderia ser o dia da salvação (...). No entanto, o pobre Ortraz foi recusado pela princesa Icéra Optin (...), pois ela se negava a casar-se com um artesão pobre e imundo. Então Nido Tontapor (...) cessará sua busca através dos reinos e a família real se entregará a seu fim. (...)"
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Um comentário:

Érica Pinto disse...

Gotiha e Icéra Optin, é? hahsuhauhsauha

Gostei do texto! Gostei da sinceridade, haja vista "Aqui chega a parte que me parte o coração, pois não sei o fim da história exatamente." haha
Pelo que vi o senhor anda mesmo inspirado, tem escrito bastante por aqui. No mais, bons escritos pra você.

Beijinho no nariz =*