10 de agosto de 2009

O homem que comprava relógios

A aula já havia acabado havia algum tempo. Eles estavam ali, falando uma coisa ou outra entre os vários silêncios que preenchiam o tempo entre um fim e qualquer coisa que ainda não aconteceu.

Todos ali se conheciam, apesar de um ser professor e os outros alunos, havia alguma coisa entre eles que os tornavam mais que meros conhecidos. Tanto que a aula já havia acabado havia algum tempo e eles permaneciam lá pelo simples fato de que ir embora significava voltar ao mundo, às obrigações, a tudo aquilo que não fosse o que estava acontecendo agora.
O único que realmente precisava ir embora era o próprio professor, afinal de contas ele tinha um compromisso e não podia se atrasar. Mas outro compromisso o prendia aquele local, um novo aluno pra suas aulas, o homem que eles esperavam.

Ele chegou muito depois do horário marcado. Um homem bem arrumado, com um pouco de suor na camisa ensacada, um sapato combinando com o cinto e nenhum sorriso no rosto. Os outros alunos sentavam-se espalhados pela sala fazendo qualquer coisa, um mais intrometido sentava uma cadeira perto dos dois, o homem e o professor, e não escondia o interesse na conversa.

Havia um imenso contraste entre os dois.
O professor possuia a voz mais calma, mais lenta e mais grave, a voz de uma pessoa determinada. Sentava ereto, mas sem parecer orgulhoso, passava confiança. Seus gestos eram firmes e suaves.
O homem falava rápido, como se quisesse terminar logo de falar antes que acabasse falando algo desnecessário, sua voz era aguda e seus olhos se moviam inquietos de um lado a outro. Parecia ser um homem bastante metódico e objetivo, sem tempo para perder com trivialidades. Suas mãos eram inquietas e tremiam, seus dias pareciam ser bastante estressantes.

Eles conversaram durante algum tempo tentando definir qual seria o horário das aulas, nenhum dos dois tinha muito tempo livre. E foi o estranho quem deu a sugestão que ficou determinada. As aulas seriam particulares e ocorreriam na casa dele, ou seja, ele não frequentaria as aulas com o resto da turma, não tinha tempo. O professor lhe perguntou onde era sua casa. Suas mãos trêmulas deslizaram até seu bolso traseiro e voltaram trazendo sua carteira. Ele a abriu e tirou um cartão. Ele era um homem de cartões.
O cartão foi entregue com um endereço escrito na parte branca de trás que todos os cartões têm. Com tudo já resolvido o homem se levantou e foi logo saindo, dispensando qualquer cortesia que tivesse sido oferecida ele sumiu escada abaixo.

E com o homem foi-se a única coisa que mantinha o grupo unido até aquele momento. Olhando o relógio viram o avançado da hora e com a mesma preça na qual o homem havia partido eles despediram-se e tomaram cada um seu rumo.

3 comentários:

A moreninha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Você acreditaria em conjunto com a caixa multi zilhão de investimento que a Wikipédia poderia adquirir alguns servidores muito mais.

Anônimo disse...

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