19 de maio de 2010

Cenário

A penumbra boiolava.

Havia um trem quebrado que demarcava uma listra, uma grande listra, mas ela não podia ser vista da lua. Quadrúpedes saltavam de um lado a outro simulando pânico, o pânico dos ruminantes. Não sei. Tinha um boné verde-vermelho que flutuava no ar na meia altura do muro cinza, mas nunca ficava alto demais nem alcança o chão. Era perturbador. Ele quase tocava o chão algumas vezes, mas eis que levantava vôo novamente.

Um delicioso molho de tomate vinha da esquerda, misturando-se com uma rosinha tímida da Tailândia que chegava da direita, tudo em cheiro. Era possível perfeitamente simular o perfume da sopa quente que Tiradentes tomou aos quatro anos e odiou. Para tanto se devia localizar mais à esquerda que à direira. Na Sombra da nuvem que soprava si mesma, a terra cheirava molhada.

Um sino bem longe gritava "Madalena!" e umas ovelhas transparentes podiam soltar sons de asas de insetos - Era bizarro. Navarro era representado por uma estatueta verde que lembrava um anão de jardim, esta podia grunir. A mistura sonora ecoava no trem e fazia a penumbra dançar. Requebrando animada, a penumbra fazia muito barulho, quebrava o trem, chamava tomates e rosas e ovelhas espelhadas.

2 comentários:

Eu disse...

Sempre soube que tudo que você queria dizer era isso!

Anônimo disse...

Que texto mais Gay,meu véi.