31 de agosto de 2010

A noite da carne

Andei por ruas escuras e desertas onde a multidão
dançava freneticamente
Corpos movendo-se numa coordenação aleatória
Mentes encontrando-se nas pupilas e vibrando juntas
através dos corpos alucinados
Idéias ressoando nos olhares psicóticos dos casais dançarinos


Andei no silêncio da noite onde o pio da coruja era abafado
pelo som doentio de músicas sem sentido
O ar gritando no ouvido ruídos insanos
A pressão explodindo ao redor, prendendo, aprisionando
A música convidando a enlouquecer


Andei por ruas sujas e fétidas
Onde o cheiro da podridão se misturava ao gosto suave
das nucas perfumadas
O ar impregnado com corpos chocando e espalhando feromônios
Sujeira sendo espalhadas pelos pés excitados e incontroláveis


Andei por ruas frias onde o calor dos corpos alheios fervia, queimava
Corpos sincronizando seus batimentos, dançando
a mesma música sem sequer estar a ouvi-la
Corpos tentando tornar-se um. Uno, com o cosmo
uno com a vida, uno entre si
Mentes tocando umas as outras, acariciando o ego, excitando


Andei por lugares onde cada um fazia sua própria música
e espalhava pelo ar
Onde os pés ritmados perdiam-se por entre bueiros podres
e dançavam entre a sujeira
Andei por lugares onde o tato era o único sentido usado,
os outros eram ignorados
Andei pelo meio da multidão enlouquecida e me misturei
Me contagiei e virei um ponto no meio daquelas ruas

Um comentário:

Ela disse...

Gostei..
E eu também andei, são lugares mais familiares do que minha própria casa.